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Resenha: O Ódio que Você Semeia – Angie Thomas

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Título: O Ódio que Você Semeia

Autora: Angie Thomas

Editora: Galera Record

Ano: 2017

Número de Páginas: 378

O Ódio que Você Semeia da autora Angie Thomas é um romance que nos faz questionar se a justiça é cega, que nos faz refletir sobre os problemas, preconceitos que negros sofrem no dia a dia, uma história que nos faz refletir sobre realidades que podem ou não ser nossas.

Starr é uma adolescente de 16 anos que vive em dois mundos. Ela mora num bairro pobre considerado perigoso, e estuda em uma escola particular, onde a maioria dos alunos são brancos. Starr vive em duas realidades que se chocam diariamente, que a fazem se transformar em duas Starrs: A Starr de Garden Heights e a Starr da escola Williamson.

Uma adolescente comum, estudiosa, que vai a festas, possui amigos e que ajuda seu pai trabalhando no mercado da família. Quando tudo parece estar em harmonia, Starr acaba presenciando a morte de seu melhor amigo, seu grande amigo Khalil, com quem cresceu junto. Além do trauma de ver uma pessoa sendo morta, Starr é a única testemunha e logo o caso toma espaço na mídia.

Para Starr, Khalil era seu melhor amigo, que sempre se preocupou com a sua mãe, mas para a mídia, Khalil era um traficante, negro, um bandido desarmado. Julgamentos bombardeiam Khalil, medo bombardeia Starr. Khalil foi morto por um policial, e quando descobrem sobre a testemunha, Starr e sua família sofrem ameaças vindo de vários lados. Ameaças de chefões do tráfico de seu bairro e ameaças de policiais. Todos querem saber a verdade e cabe a Starr dizer o que sabe, dizer o que viu. Mas não é tão simples assim, o que ela disser pode acabar indo contra a sua família, contra seu bairro, e contra aqueles que confiam em Starr, não apenas para fazer justiça à Khalil, mas para mudar a realidade de casos de negros que foram assassinados e que não tiveram justiça e foram esquecidos.

Starr é uma protagonista que cresce ao longo da narrativa. Apesar de traumas passados e com o mais novo trauma, Starr é forte e corajosa para enfrentar depoimentos, tribunais e julgamentos da sociedade. A narrativa está em primeira pessoa, sabemos o que se passa na cabeça da protagonista. Os personagens secundários são bem construídos, nos deixando a par do ambiente e clima que cada personagem nos transmite. Personagens com dramas reais, que vão além de morar em um bairro pobre, que passam por questões de superações, tráfico de drogas, vício em drogas e até violência doméstica.

Indico a todos esse livro. Uma leitura muito fluida, que quando vemos já devoramos facilmente 50 páginas. O que me incomodou um pouco no começo foi o tamanho dos capítulos, achei um pouco longo, mas quando a leitura engata, esquecemos desse detalhe. Como disse no início da resenha, é um livro que nos faz refletir realidades que nem sempre estão em nosso alcance, às vezes são realidades que vemos pela televisão, que podem acabar sendo deturpadas.

O Ódio que Você Semeia será adaptado pela Fox para as telonas e já tem o elenco confirmado. E chegou em primeiro lugar na lista do New York Times na semana em que foi lançado.

Starr me levou para conhecer a sua realidade e me mostrou que “às vezes, as coisas dão errado, mas o importante é continuar fazendo o certo”.

Thaisa Napolitano

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Resenha: Suzy e as Águas-vivas – Ali Benjamin

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Título: Suzy e as Águas-vivas

Autora: Ali Benjamin

Editora: Verus Editora

Ano: 2016

Número de Páginas: 224

Às vezes, quando nos sentimos mais solitários, o mundo decide se abrir de formas mágicas.”

Suzy Swanson é uma menina de apenas 12 anos, esperta, curiosa, que adora ciências e que acabou de perder a sua ex-melhor amiga. A notícia do falecimento de Franny Jackson a abala e fica totalmente desolada quando sua mãe diz que as coisas simplesmente acontecem.

Suzy e Franny eram melhores amigas, mas tinham se afastado de uma forma não muito agradável e mesmo com esse afastamento, Suzy não se convence de que a amiga, que nada super bem, morreu afogada. Por conta disso, Suzy fica em silêncio, acreditando que falar bobagens para preencher o silêncio não são importantes e começa uma busca para encontrar a causa da morte prematura. Suzy é aquela criança que sofre bullying por ser diferente, por não ter passado para a fase de querer se cuidar e se arrumar e sim continuar em querer saber sobre tudo ao seu redor e sobre assuntos um pouco nada comuns.

E, durante todo o tempo, seu coração só continua batendo. Ele faz o que precisa fazer, uma batida após a outra, até receber a mensagem de que é hora de parar, que poderia acontecer daqui a poucos minutos sem que você tenha ideia disso.”

Em um passeio de escola, Suzy acaba sabendo um pouco sobre as águas-vivas e acredita que essa seja a causa, Franny não morreu afogada, ela foi picada por uma água-viva mortal. Após essa conclusão, Suzy aprofunda sua pesquisa sobre criaturas submarinas e tenta encontrar especialistas que confirmem isso, mostrar para as pessoas ao seu redor que as coisas acontecem por algum motivo e não porque simplesmente acontecem.

O livro é narrado por uma criança que mesmo sem falar, estamos por dentro do que se passa com a Suzy através de seus pensamentos. A escrita é bem desenvolvida, fácil e bastante reflexiva, havendo momentos em que voltamos para o passado para sabermos mais sobre a amizade de Suzy e Franny até chegar no rompante da amizade. Suzy está perdida, se sentindo sozinha por conta da recente separação de seus pais e agora a morte de sua amiga. Sabemos de seus medos e suas vontades, Suzy te conquista de uma forma maravilhosa, que dá vontade de entrar no livro e segurar a mão dela e viver as aventuras junto com ela.

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Suzy e as Águas-vivas é um livro cativante, simplesmente maravilhoso, entrou para a minha lista de melhores do ano. Acreditei que seria mais uma leitura leve e bonita, mas não foi apenas isso, é um livro que te faz refletir sobre a vida, sobre a natureza e a imensidão do mundo. Uma história que fala sobre amizade, bullying, crescimento, adolescência, aquela fase em que as meninas começam a gostar dos garotos, e a mudança nos comportamentos que a adolescência nos traz, luto e recomeço. As informações contidas no livro sobre as águas-vivas são reais, e me peguei pesquisando e querendo saber mais sobre a água-viva letal que ela tanto fala. Mesmo com informações científicas, o livro não fica cansativo, para mim só enriqueceu ainda mais a leitura.

Indico esse livro para todo o mundo, para todas as pessoas, é uma leitura para todas as idades, não canso de repetir como esse livro é lindo! Suzy é uma menina corajosa, com sede de sabedoria, que vai te levar a refletir e se emocionar.

Thaisa Napolitano

 

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Resenha: Sorrisos Quebrados – Sofia Silva

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Título: Sorrisos Quebrados

Autora: Sofia Silva

Editora: Valentina

Ano: 2017

Número de Páginas: 232

Sorrisos Quebrados conta uma história triste, traumática e ao mesmo tempo poética. Quando ganhei o livro, não sabia que em suas páginas haviam tantas dores, tantos medos, nos envolvendo e fazendo refletir sobre violência doméstica, abuso sexual, drogas e deficiência. Este é o primeiro livro de Sofia Silva, uma autora portuguesa que aborda assuntos delicados. Nesta história conhecemos Paola e André, personagens que sofrem no passado e tentam reconstruir suas vidas.

Paola vive em uma clínica após ter sofridos grandes traumas. Uma pessoa que tenta colorir sua vida através da pintura, que consegue enxergar luz e verdade na escuridão. André é pai solteiro, um homem trabalhador, que faz de tudo para dar o bom e do melhor para sua pequena filha Sol. Sol é uma criança de apenas 4 anos, uma criança super especial que também possui traumas.

Sol é elo entre esses dois personagens, é a leveza na vida dos dois e no livro. Com a Sol, esquecemos as dores dos personagens e enxergamos a inocência de uma criança, o olhar puro do mundo.

Todo dia é um recomeço.

Todo dia eu renasço.

Todo dia eu me levanto.

Todo dia eu não desisto.

Todo dia eu vivo como se não tivesse 

Todos os dias. “

O livro é dividido em 4 partes, e em cada parte percebemos as lutas de cada personagem, a vontade de querer viver sem medos, de poder confiar em outro alguém e dar seu coração para que cuidem. Todo dia é um recomeço. Todo dia é uma nova chance de deixar seus medos para trás. E é com fluidez que Sofia aborda esses assuntos delicados.

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O livro possui cenas fortes, o prólogo intenso me fez chorar, e também me chocou, uma realidade vivida por tantas mulheres, um problema real que muitos não querem ver. Há também romance e cenas de sexo. Apesar de perceber a luta que Paola tenta vencer em confiar em alguém, em se aproximar de um outro homem, achei que ela acabou se entregando um pouco mais fácil que André. No meu ponto de vista, os traumas de Sofia eram bem maiores, mas quem demorou a ceder e vencer os próprios medos foi André.

Com ele percebi que é na escuridão que brilha o amor verdadeiro, que as palavras verdadeiras reluzem…”

Sorrisos Quebrados é um livro brilhante, chocante e lindo. Com uma personagem forte que não pensa em desistir, que criou o seu próprio mundo através das cores, que acredita que a vida não é mais um dia, e sim feito por pequenos momentos de felicidade. Indico a leitura desse livro, mas se prepare pois você leitor, irá sofrer, se apaixonar e brilhar com as cores de Paola.

Thaisa Napolitano

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Resenha: Novembro, 9 – Colleen Hoover

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Título: Novembro, 9

Ano: 2017 – 3ª Edição

Editora: Galera Record

Autor: Colleen Hoover

Número de Páginas: 352

Olá Aventureiros! Hoje venho falar sobre o livro Novembro, 9 da Colleen Hoover. Para quem acompanha o blog sabe que o meu primeiro contato com a autora foi com o livro Confesse, que li em agosto, para ler a resenha clique aqui. E assim como Confesse, Novembro, 9 aborda assuntos delicados que me deixaram bem tensa em alguns momentos.

O livro conta a história de Fallon, uma jovem que está prestes a se mudar para Nova York. Em seu último dia em Los Angeles, Fallon conhece Ben de uma maneira bem inusitada, rolando uma química instantânea que fazem com que passem o dia juntos.

Fallon tem apenas 18 anos, mas já passou por muitas coisas em sua curta vida. Sobrevivente de um incêndio que a deixou desfigurada, Fallon perdeu seu trabalho e viu sua carreira de atriz desmoronar por conta das cicatrizes. Dia 9 de novembro é o dia de aniversário desse episódio, e nesse dia, num almoço com seu pai, com quem tem uma relação perturbada, conhece Ben, um aspirante a escritor.

Amar alguém não inclui só a pessoa… Amar alguém significa aceitar todas as coisas e pessoas que esse alguém também ama.”

Ben, é um jovem que quer ser escritor, atraído por Fallon e ela por ele, passam o dia juntos e acabam conhecendo um pouco um do outro. Diferente da maioria dos garotos, Ben acha Fallon muito bonita, que acaba se tornando a sua musa inspiradora para seu livro. Impedidos de viver um grande amor, Fallon e Ben, fazem a promessa de se encontrarem todo dia 9 de Novembro, no mesmo lugar em que se conheceram e na mesma hora.

Ben faz Fallon se sentir muito bem, sempre encorajando o que ela tem melhor. Ao longo da narrativa, podemos ver o desenvolvimento e crescimento de Fallon, o aumento de sua auto estima e sua busca por realizar seus sonhos. Cumprindo a promessa que cada um fez, eles se encontram nos dias 9 de novembro, sem ter contato algum durante o ano.

E toda vez que se olhar no espelho, não tem o direito de odiar o que vê. Porque você sobreviveu enquanto muita gente não teve tanta sorte.”

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Quando tudo parece estar ao favor do jovem casal, quando eles acreditam que podem ficar juntos, Fallon descobre coisas que a fazem acreditar que ela é apenas um personagem do livro de Ben e questiona quem é o cara que ela está apaixonada. Foi nesse clímax que fiquei tensa. Muitos segredos são revelados, muita coisa que pareciam não fazer ligação, começam a se encaixar.

Acho que estive julgando mal todo o conceito de amor instantâneo. Eu queria muito saber como podemos terminar esses próximos anos com um final feliz.”

A autora, com sua maestria aborda assuntos delicados, como relações entre pais e filhos, câncer, suicídio, morte precoce, perdão e cicatrizes não visíveis em sobreviventes de incêndios. A narrativa é muita fluida e a história se passa sempre no dia 9 de novembro, nos encontros dos personagens, confesso que senti falta de saber como era o ano dos personagens, antes de cada encontro anual, o que acontecia com eles, e gostei muito de ler que mesmo destruídos, o dia 9 de novembro era um renascimento para os dois, e não apenas para Fallon. A amizade entre eles é muito bonita e comovente. O sentimento amor é abordado de maneiras diversas, nos emocionando e nos chocando.

Porque quando você ama uma pessoa, tem o dever de ajudá-la a ser melhor versão de si mesma.”

Gostei do livro, não foi o melhor que li esse ano e entre os dois da autora que li, gostei mais do Confesse. Não me senti muito confortável com o desfecho da história, achei que alguns acontecimentos pareciam irreais demais. O livro mostra ao leitor como o amor não é perfeito, que perdão e amor andam lado a lado. Para quem for ler esse livro, recomendo que leia acompanhado de um lenço, porque lágrimas são garantidas nessa leitura.

Thaisa Napolitano