Já fazia um tempo que eu queria assistir essa série na Netflix, mas evitei até agora porque tudo que é inspirado em Margareth Atwood é bem pesado. Quer dizer, tive essa impressão após começar a ver a série do Conto da Aia (que não terminei) e acho que não me enganei, mas valeu a pena assistir e vou contar um pouquinho da minha experiência para vocês:
Grace é uma moça pobre que cresceu sendo alvo da violência do pai bêbado. Tomava conta dos irmãos depois da morte da mãe até que seu pai exigiu que fosse trabalhar. Em sua nova realidade, descobriu uma amizade verdadeira, mas também aprendeu a dura realidade da vida de uma empregada doméstica.
No início da história, já a conhecemos como uma presidiária, porém ela tinha uma estranha rotina: todos os dias era levada para a casa do governador para ajudar na limpeza e fazer terapia com o Dr Jordan. É durante essa terapia que vamos descobrindo o que aconteceu com ela e começamos a nos perguntar sobre sua inocência.
Diferente do Conto da Aia, posso ter certeza ao dizer que gostei de Alias Grace. É uma série forte? É. É impactante? Sim. Violenta? Com toda certeza! Mas o forte é o mistério e o conhecimento de psicologia, muito embora esse último possa ser questionado, porque achei o psicólogo muito frágil psiquicamente, mas Grace é fenomenal! Uma personagem super complexa.
Outra marca da série são as discussões de gênero. Embora não tenha tido nenhum estupro, ele estava presente o tempo todo nas entrelinhas. Expôs muito bem o constante medo da violência sexual em sociedades patriarcais (imagine ter medo de ir ao banheiro no meio da noite porque seu patrão quer ver o seu corpinho nu?), falou de como mulheres que se atrevem a viver sua libido abertamente são discriminadas e também de como homens não gostam de estar por baixo na hierarquia.
Uma ultima coisa que achei interessante é que a autora constroi as personagens, mas não se interessa em fazer o público se identificar com eles. Acredito que o intuito é fazer o expectador agir como um detetive e perceber quem está manipulando as situações. E o bom é que você gosta apesar de não viver a história junto com o herói.
Espero que assistam e digam o que acharam nos comentários.
Grande beijo!
Aleska Lemos.