Autor: Vincent Van Gogh
Editora: L& PM Pocket
Ano(depublicação): 2016
Esse livro foi o meu queridinho nas últimas semanas. Nessa edição da L&PM há alguns esboços que Vicent (chamo assim porque depois desse livro peguei intimidade) enviava a seu irmão Theo e muitas notas do tradutor, o que acredito ser importantíssimo porque vou te dizer uma coisa: alemão é a língua ocidental mais complicada que eu conheço. A formação de palavras dele é bem doida e por isso nem sempre dá para traduzir literalmente.
Foi muito bacana conhecer esse pintor um pouco mais a fundo. Para quem não sabe, ele passa um tempo estudando para ser pastor e demonstra uma paixão intensa em ajudar os pobres e em estar com eles. Pareceu-me que era uma alma muito bonita e que se dedicava com intensidade a tudo que admirava, mas que provavelmente enjoava rápido das coisas, a não ser da pintura, que abandonou apenas quando faleceu.
Desde adolescente (li uma pequena biografia dele nessa época adaptada para crianças) eu sentia empatia por ele e admirava seus quadros, mas a experiência de ler suas cartas foi incrível. Passei a admirá-lo ainda mais, porque ele demonstrava uma fé inabalável. De vez em quando profetizava que suas obras seriam reconhecidas depois de sua morte e apesar de nunca ter vendido um quadro sequer tinha fé no valor de suas obras.
Passou fome diversas vezes para economizar os recursos que o irmão lhe enviava para pagar aluguel e tentava do seu modo ser um gasto menos abusivo, mas quando se tratava de materiais de pintura ele não se fazia tanto de rogado (risos). Não duvido, porém, que tivesse um coração de ouro. Foi rejeitado pela viúva de um parente, mas abrigou uma mulher grávida que tinha sido abandonada pelo marido e ficou sinceramente empolgado em vir a ser pai. Infelizmente o livro não diz o que aconteceu com a moça, mas imagino que Theo deve ter mandado ela correr para não ter um gasto extra. Vincent não disse um ai sobre o assunto nas cartas.
Agora o que mais gostei no livro são as considerações de Vincent sobre a pintura. Ele conversa com o irmão sobre combinações de cores, sobre contornos, sobre os artistas que ele gosta como Daumier, Rembrandt, Giotto, Millet e Delacroix, sobre suas inspirações: as mulheres arlesianas e as pinturas japonesas, sobre os amigos pintores como Gaugin e infelizmente* sobre seus problemas psicológicos. Há um unico relato no livro que não é de Vincent e é exatamente sobre o caso da orelha, que para mim foi fruto de um surto psicótico (pelo que foi descrito).
Eu já sabia mais ou menos de tudo isso, mas fiquei chocada ao descobrir que pelo seu transtorno psicológico o prefeito de Arles queria expulsá-lo da cidade. Vincent fez várias incursões ao hospício, lugar onde se sentia mais seguro, mas o preconceito das pessoas o alcansava lá também. Acredito que as cada vez mais frequentes crises o deixaram com medo de enlouquecer de vez, mas segundo Gaugin a fúria que Van Gogh tinha pela sua condição produziu os melhores quadros de sua carreira. nem precisa dizer que fiquei com vontade de ter uma réplica dele pendurada na minha parede.
Por fim, meus amigos, deixo aqui um link de uma música que homenageia o artista:
*Quero dizer que infelizmente ele tinha problemas psicologicos. Gostaria que ao menos fosse saudável, já que não viveu para ver seus quadros reconhecidos e não teve a quem amar durante a vida além do irmão.